segunda-feira, 6 de junho de 2011

Protagonista dos pliés e piruetas

Por Isabelle Leal e Viviane Sobral

O físico poderia ser de dançarina de forró: baixinha com pernas grossas, como ela própria se define. Aos 13 anos, o esporte arriscado por Taís Lopes foi o vôlei. O contato com os saques e manchetes, entretanto, não teve o destaque esperado. Foi aí que o pai, que a acompanhava nas aventuras esportivas, sugeriu que a menina experimentasse a dança. “Por que não? Seria uma tentativa. Com ajuda, preparei meu coque, vesti o collant e passei a frenquentar aulas de balé. Era a mais velha da turma, já que as meninas normalmente começam com cinco, seis anos, até antes”.


Foi aí que a tentativa despretenciosa passou a ocupar muito tempo da rotina. Dentro da sala de dança, houve época em que passava mais de cinco horas por dia, além de aulas extra. “Não vou mentir e dizer que não dói, porque o corpo sente muito. E ficam as marcas, os roxos, os arranhões pra comprovar”.

Taís atualmente cursa jornalismo, mas em meio à graduação, pensou em desistir pra se dedicar exclusivamente ao balé. Foi quando viajou para o Rio de Janeiro, em 2010, na tentativa de se tornar uma bailarina profissional. “Não foi uma decisão fácil, mas viajei com esse sonho, de passar na Companhia Jovem de Ballet do Rio de Janeiro. Se desse certo, iria trancar a faculdade, arrumar as malas e morar lá”. Eram cerca de 60 meninas na mesma vontade, mas não foi a vez da fortalezense. Arrasada, ela voltou, disposta a não desistir.

Apesar desse caso, Taís coleciona uma série de conquistas. Já há alguns anos, participa do Festival de Dança de Joinville. Em 2011, a jovem loira de olhos verdes foi mais uma vez selecionada. A seguir, Taís apresenta ao blog Notícias de Bastidor a estrutura do local acolhe pliés, pas de deux, e outros passos mais.

O local



De noite, a rua Silva Paulet, de trechos escuros, calmos e vazios, logo se altera com a proximidade da música. A movimentação de carros, adultos e crianças também denuncia que o quarteirão entre a Coronel Alves Teixeira e Francisco Holanda tem algo de diferente.

A casa, que aparenta ser simples e pequena, se revela grandiosa à medida em que você lá adentra e o som sobe. Estamos no Centro de Ballet Clássico Mônica Luiza. São dois andares de intensa dedicação e sensibilidade. Passa das 20 horas e o local ferve de alunos com idades variadas. Muitas meninas e meninos também, embora minoria.

Ali, o balé é a maior preocupação e o maior prazer. Somente a dança importa. Portanto, não é de se admirar que, no momento em que se chega à recepção, no primeiro passo que se dá no tablado de madeira, se corrija automaticamente a postura e olhos e ouvidos fiquem atentos a cada movimento que os bailarinos fazem ao deslizarem levemente pelas dependências da escola.

Com a devida autorização de Mônica Luiza, o Notícias de Bastidor acompanhou um dos últimos ensaios antes do V Passo de Arte Norte-Nordeste, um dos maiores eventos de dança do Brasil. Nesse momento, o rigor é maior e a perfeição é a meta. Para isso, muito suor, cansaço, dedicação e repetição. Já passa de 20 horas e a turma das "menores" ensaia uma coreografia coletiva. Aí não importa a fome ou sede, enquanto a entrada não é a melhor possível, é um festival de "volta, volta, volta".





Talentos inesperados que surpreendem

Na rotina de ensaios, muitas são as correções e poucos os elogios. Exigente, Mônica Luiza acompanha de perto seus solistas enquanto praticam suas apresentações individuais. No meio de meninas de variadas idades e estaturas está o garoto Henrique. É impossível não sentir curiosidade quanto à sua dança. Será ele bom mesmo?

Concentrado, Henrique dá seus primeiros passos com leveza e segurança e não deixa dúvidas: ele é um bailarino. Na porta da sala de ensaios, assistindo a tudo com vibração está Dona Adelaide, mãe de Henrique e principal incentivadora. Ela não só acompanha os ensaios e espera pacientemente quando terminam mais tarde; sem perceber, D. Adelaide também passou a viver para o balé.

Quando ela começa a contar com orgulho a trajetória do filho para a câmera, seu jovem bailarino se aproxima e observa de longe. Neste momento a admiração mútua entre mãe e filho, de tão nítida e presente, se torna quase palpável.



Os ensaios

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